segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fanfic- Wake Up by Juliana Dantas [Prólogo]


Título: Wake Up
Autora(o): Juliana Dantas
Shipper: Robsten
Gênero: Romance/Drama
Censura: NC-18
Avisos: Sexo

PRÓLOGO

Acorde

Algo encheu
Meu coração com nada
Alguém me avisou pra não chorar

Mas agora que estou mais velho
Meu coração está mais frio
E eu vejo que isso é uma mentira

Wake Up - Arcade Fire


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O que fazer quando engravidamos com 17 anos?
De um cara que mal conhecemos. Que não é nosso namorado em questão?
Eu contei para minha melhor amiga.
Ela só tinha 2 anos a mais que eu, mas parecia anos luz mais madura e experiente.
Me contou que já havia feito um aborto. Era fácil arranjar aquelas coisas.
Mas eu não queria.
Como poderia?

Estava chovendo quando eu corri até seu trailer e contei tudo a ele.
Pareceu tão assustado quanto eu.
E tão sem saber o que fazer quanto eu.
Ficamos a noite inteira acordados. E quando o dia amanheceu ainda não sabíamos o que fazer.
Mas sabíamos que não poderíamos lidar com aquilo sozinhos.
Não foi o inferno que eu esperava. Este veio depois.
Cinco meses depois para ser mais precisa.
Eles apenas assentiram e disseram que poderíamos dar um jeito. 
A opção do aborto estava descartada, eu disse.
Eles entenderam. Mas pediram que eu entendesse que naquelas circunstancias, não poderia deixar nada vir à tona. Absolutamente nada.
Não sei o que eles pensavam em fazer quando o bebê nascesse.
Eu era bastante ingênua naquela época pra não imaginar.
Ou talvez eu preferisse acreditar que não sabia.
Passado o primeiro obstáculo, agora vinha o pior deles.
Meu namorado.
Não foi fácil. Foi doloroso. Vergonhoso.
Ele chorara. 
E no fim, ficara do meu lado. Era mais do que eu podia esperar.
Não depois do que eu tinha feito. 

E então eu só precisava acertar tudo com ele.
Com aquele cara me metera naquela confusão.
Com o mesmo sotaque inglês que um dia eu não fora capaz de resistir ele me disse que todas as escolhas eram minhas. Por pior que fossem.
Eu não sabia o que podia ser pior.
Talvez vê-lo sair do meu trailer, passando os dedos pelos cabelos bagunçados e dizendo que eu sempre poderia contar com ele, embora soubesse que eu não queria.
Naquele momento eu senti um vazio estranho por dentro.
Mas eu estava entorpecida demais na minha dor, misturada com culpa para enxergar ou analisar o que quer que fosse.
Eu apenas queria que os dias passassem rapidamente.

E eles passaram.
Tudo foi feito para que nada fosse visto.
Era incrível como parecia fácil.
Deixar que tomassem as decisões por você. 
E deixar os dias correrem.
E cinco meses depois o inferno chegou.
Talvez eu devesse me sentir aliviada no fim das contas.

Primeiro veio a dor. Que só aumentava e aumentava.
Era insuportável. Sete meses só... Não estava na hora, eu queria gritar.
Também chovia quando ela foi tirada de mim.
Sem vida.
Eu nem a tive em meus braços...
Eles a levaram pra longe.
Seria melhor assim, tudo ia ficar bem, diziam.
Eu apenas concordei.
E dormi por dias seguidos.
Mas ele estava ali. Por alguns instantes.
Seus dedos mornos segurando os meus, passando por minha testa. Meus cabelos.
Eu não precisava abrir os olhos para saber.
Eu o evitara todo o tempo. Enquanto escondia nosso maior segredo.
Mas ele estava ali agora.
E não existiam mais segredos a serem guardados.
Ou havia. Mas era um segredo sobre a perda.
Irreparável.
Eu quis abrir os olhos e dizer que era melhor assim.
Mas quando consegui, ele já não estava mais.
E eu chorei pela primeira vez em meses.

O tempo passou. 
E eu acabei mesmo achando que foi melhor assim.
A vida continuava.
Para todos nós.
E lá estava ele novamente. Tão perto.
Tão distante.
E não havia mais nada entre nós.
Apenas aquela atração irresistível. Aquela força invisível que me levava em sua direção.
Eu lutei.
Lutei contra. 
Mas era uma luta perdida.
E um dia tudo o mais desapareceu.
E restamos apenas nós dois.
Durou um tempo. Um tempo infinito.
De infinitas possibilidades.
Mas sempre havia aquele segredo.
Impronunciável.
O silêncio nos sufocou.
E acabou.

E a vida continuou.
E os dias correram.
Até que o segredo nos alcançou.
Nos unindo novamente.
De uma forma que nunca imaginaríamos possível.


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